quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Os quatro magos

     Minha curiosidade sempre me acompanhou. E foi minha curiosidade indomável que me levou a abrir a porta do quarto da minha avó Maria, já falecida. O quarto tinha um cheiro que me levava a coçar o nariz, e era iluminado apenas por uma luz fraca que entrava graças às fendas de uma janela de madeira. Entrei no quarto caminhando até a janela para abri-la e deixar o calor e a luz do sol entrarem. Mas antes que pudesse fazê-lo, meu olhar se fixou em um armário velho e encantador. Eu nem percebera, e já estava andando lentamente em direção ao móvel, movida mais uma vez pela minha curiosidade.
     A porta não estava trancada, mas aparentemente fazia tempo que não fora aberta, e por isso estava emperrada. Depois de alguns minutos de insistência, eu consegui abrir a porta. Meus olhos se arregalaram. Grandes capas quadradas estavam enfileiradas, e ao lado, uma vitrola coberta por uma camada de pó. A primeira capa da fila mostrava quatro rapazes. Do mesmo jeito que eu andei até o armário, eu peguei a capa manchada pelos anos, retirei o disco de vinil, e o coloquei na vitrola. Eu mal conseguia esperar para ouvir que músicas estariam gravadas.
     Uma doce melodia, agitada e relaxante ao mesmo tempo entrou pelos meus ouvidos. Aos poucos, o som pareceu se mesclar com o sangue que corria nas minhas veias e eu fechei meus olhos. Enfim, eu comecei a mexer meus pés e braços, harmoniosamente. Pelo menos era o que eu sentia estar fazendo. Parei ao sentir o toque frio da velha cama no centro do quarto, tocar meus joelhos pontudos. Abri os olhos. O ar entrou rápido pela minha boca aberta em forma de O. Minha avó estava sentada na cama com um sorriso doce iluminando seu rosto. Eu não acreditava no que via, mas nem ao menos me esforcei para espantar a imagem da pessoa mais amável que eu já conhecera. Maria se levantara, pegara minhas mãos e começamos a girar juntas como duas crianças alegres. Meus olhos já estavam cheios de lágrimas. Eu sorria como nunca sorrira antes.
     A música parou, e logo eu não podia mais sentir nem ver Maria.
     Outra música entrou pelos meus ouvidos e uma nova energia enriqueceu meu sangue. E lá estava ela, novamente. E milésimos depois, lá estávamos nós sorrindo uma para a outra, dançando juntas. Crianças outra vez, era o que nós éramos naquele momento mágico.
     



     Voltei para casa contra minha vontade. Eu poderia passar minha vida sorrindo e dançando com a minha a alucinação da minha avó, se deixassem. Obviamente, eu não deixei o disco supostamente mágico acumulando mais pó. O disco de vinil dos Beatles se encontra agora na parede do meu quarto. Toda noite, posso sentir minha avó e seu cheiro aconchegante por perto como eu sempre quis.

sábado, 14 de agosto de 2010

Run, Ronnie.


"Morram!" eu gritava entre soluços e gemidos, enquanto tentava socar as criaturas horrendas que competiam entre si para arrancar um pedaço meu. Desesperada, eu mal encontrava forças para continuar as tentativas de socar algo. Já não aguentando mais, eu me deixo vencer pelo cansaço, e as criaturas começam a agarrar meus braços me fazendo recuar os passos que eu havia dado tão penosamente. O ódio dentro de mim era tão forte, que não era possível caber em uma pessoa só. Não era possível caber em uma pessoa. Algo pareceu mudar dentro de mim, e eu consegui milagrosamente me soltar dos braços que me levavam para a escuridão. Comecei a correr o mais rápido possível, enquanto luzes avermelhadas passavam por mim a medida que eu avançava. Quando finalmente me afastei do perigo e encontrei forças para uma eventual nova batalha, fui obrigada a parar quando avistei um espelho grande. Eu percebi que a imagem refletida não era de uma garota ruiva e magra. O espelho refletia uma criatura... Eu havia me transformado em uma daquelas criaturas.

Acordo ofegante deitada na minha cama, coberta por duas mantas quentes. Me levanto, e corro para o banheiro mais próximo, com a intenção de ver meu reflexo. Felizmente, eu continuo sendo uma garota. Por outro lado, nunca vou me esquecer desse pesadelo.

Eu realmente não posso deixar o ódio me dominar.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Colheres de felicidade




A inspiração vem fugindo de mim levando junto minha alegria. Durante o mês de julho me perdi no meio de filmes e livros, me dando a ilusão de estar totalmente bem. Então, quando as aulas recomeçaram, eu comecei a sentir falta de algo entre diversão e alegria. Já não consigo ficar alegre por mais de um dia, é como se dormir levasse toda a minha energia positiva. Os breves momentos de alegria, eu acabei batizando de "colheres de felicidade". Tento me dar uma colherada todo dia. 


Minhas colheres de felicidade:
- Espantar pombos pelas ruas.
- Pular apenas nas faixas brancas de uma faixa de pedestre.
- Saltitar pelas ruas, pela minha casa, por uma praça, um parque por alguns breves segundos.
- Correr o mais rápido possível.
- Cantar "I want to hold your hand", dos Beatles, o mais alto possível.
- Gostar de algo que eu escrevi.


Eu sei que a maioria dos itens dessa lista são tolos e estranhos de se fazer. E acho que é por isso que me divirto fazendo tudo isso. Simplesmente por estar saindo do sério. 

Tome algumas colheres de felicidade. 

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Memories

Balançar minha cabeça não vai afastar nenhuma das lembranças terríveis que invadem minha mente. Eu odeio o modo como as lembranças vêm à tona quando escuto alguma música ou quando vejo algum filme que me lembram desses momentos difíceis de serem relembrados sem se entristecer. Por outro lado, é reconfortante saber que agora tudo está bem outra vez, que tudo ficou para trás, e que é impossível que tudo aconteça outra vez.
Então, eu tento fazer tudo da melhor maneira possível para não criar novas lembranças obscuras. Eu tento pensar bem a cada novo passo que dou. Me lembro de uma vez que quase fiz algo sem pensar nas consequências, simplesmente fazer por fazer. Felizmente alguém me parou antes de eu saltar. Bom, naquela época as consequências seriam desagradáveis para mim. Hoje nem tanto. Mas, essas consequências gravariam no tempo uma mais uma dessas lembranças. O que me lembra que preciso agradecer essa pessoa.
Eu sei que não há modo de não criar novas lembranças tristes, porque sem elas eu não me fortaleceria. E claro, não há modo de fugir de criar lembranças boas. Porém, essas lembranças valem a pena correr atrás.

Pensando em tudo isso, eu imaginei como seria se eu pudesse rever esses momentos. Os bons, e os ruins. Não reviver, apenas rever. Ver as lembranças mais tristes para ver que nem tudo era tão grave, e que estou bem agora. E sorrir revendo os bons momentos, pra me lembrar de valorizar-los, sendo pequenos ou grandes.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

"Loving you is a Cherry Pie"


Prometi nunca mais amar. A promessa se quebrou assim que ele apareceu. Naquele momento, meu coração começou a bater mais rápido, minha voz desapareceu como se alguém a tivesse roubado, e minha vida deixou de ser preta e branca. Quando o vi pela primeira vez tudo passou a ter cores. Ah, e como tudo era bem mais bonito daquele jeito!
Não demorei muito para achar alguma coragem, o que julgava impossível, e arriscar qualquer conversa. Me lembro que ele estava sentado tomando uma xícara de chá na minha cafeteria preferida. Por pura coincidência, eu estava usando meu vestido azul florido, a melhor peça de todo meu guarda roupa, o que me deixara um pouco mais confiante. Minha ideia era de derramar meu café em sua mesa, o único problema é que não sei fingir nem ao menos um acidente. Como se minhas pernas agissem por conta própria, andei até sua mesa e sentei na cadeira à sua frente. Ele fez todo o resto do trabalho por mim. Abriu um grande sorriso, e como se soubesse o que eu queria, começou a falar. Seu nome era Stephen. Não ouvi mais nada do que ele me dissera. Eu estava maravilhada demais. Quando ouvia um tom de dúvida em sua voz melodiosa, apenas acenava  um sim com a cabeça, e satisfeito, continuava a tagarelar alegremente. Meu sorriso se alargava a cada palavra que ele dizia. Depois de algum tempo, realizei o que ele estava dizendo. Stephen tinha 16 anos, tinha acabado de se mudar e iria começar a estudar em um colégio cujo o nome eu não me lembro. Percebi que ele era distraído, assim como eu. Quando terminei meu delicioso café extremamente forte, da mesma maneira que me sentei junto à Stephen, levantei e comecei minha caminhada de volta para casa.
E a partir daquele dia, um dos melhores de toda minha vida, nos encontrávamos todos os dias na mesma cafeteria, na mesma mesa, na mesma hora. A única diferença agora, era que eu também  revelava cada dia um pouco, meus segredos mais tocantes para ele. Stephen me contava tudo o que acontecia com o maior prazer, seus dias em sua nova escola, e em troca, eu fazia o mesmo contando os acontecimentos dos meus dias na minha escola velha e chata.
Quando ele não aparecia na cafeteria, eu mal me importava. Claro que eu estava apaixonada e sentia falta de sua voz. Por outro lado, ele tinha o direito de fazer outra coisa. Eu também não me dava o trabalho de colocar uma roupa apresentável, pentear meus cachos até ficar realmente satisfeita, todos os dias. Eu só me arrumava e saía de casa quando bem entendia.
Nossa amizade se baseava naquela cafeteria aconchegante. Nunca saíamos para outro lugar. E nossa amizade se baseava igualmente de conversas jogadas fora até conversas mais profundas. Nunca nos abraçamos, nunca nos tocamos. Eu não sentia necessidade, assim como ele. Isso me assustava um pouco, pois eu o amava realmente como nunca tinha amado qualquer outra pessoa. Toda noite me lembrava de seu sorriso tímido, de seus olhos brilhantes e de seus cachos, enquanto imaginava se ele também estaria fazendo a mesma coisa. Estou certa de que ele não o fazia  toda noite, nem do mesmo modo que eu. Eu o imaginava fazendo qualquer outra coisa, compondo músicas com seu violão, escrevendo seus pensamentos em algum pedaço de papel, lendo algum livro... Mas não pensando em mim. E de alguma forma, eu me sentia totalmente feliz mesmo sabendo que eu nunca invadira seus pensamentos. Me contentava com nossa amizade baseada em palavras. Me contentava em o encontrar quase todos os dias na minha cafeteria preferida. Não sei como, todos esses dias tínhamos assuntos para conversar. Quando minha caixa de assuntos possíveis se terminava, ele tirava algo de sua própria caixa, e assim por diante... Fico imaginando o que Stephen diria se soubesse que eu o amo, se ele soubesse como é delicioso, agradável, e saudável o amar. Afinal, era disso que ele reclamava a cada encontro. De não ter nenhum amigo para confiar, ninguém para o abraçar. Guardava para mim minhas respostas carinhosas. E percebo que esse era o único momento que ele não sorria, e eu também não. Como poderia sorrir o vendo dizer coisa parecida, na minha frente? Quase abria os meus braços e fazia sinal para ele se aproximar. E me abominava por essa ser a única coisa que eu não conseguia fazer. Quero dizer, quem melhor que eu para o abraçar nessas horas? E então me lembrava que eu era mais nova que ele. Me lembrava que ele devia me considerar como uma amiga 'reserva'. Uma amiga que ele tinha apenas para desabafar.
Até hoje me contento com essa amizade inocente. Sonho com o dia que Stephen se declarar para mim. Eu disse sonho. Pois sei que isso nunca irá acontecer, o que me entristece um bocado. Mas como acabei de dizer, me contento com nossa amizade. Assim já está bom.


Nota: Não imagino o motivo, mas adorei escrever esse texto. Todas as palavras saíram de uma forma assustadoramente normal. Espero que da mesma forma que adorei escrever esse texto, vocês adorem lê-lo.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

...e tudo continua bem.

E tudo continua bem. Minha vida continua feliz. O único obstáculo para a felicidade completa é ter que acordar todos os dias razoavelmente cedo para ir estudar. Claro se fosse só para ir estudar, tudo bem. Porém, sou obrigada a me encontrar e conversar com pessoas que eu não suporto. Preciso ficar conversando sobre assuntos que não me interessam e ficar sorrindo a cada 'piada'. Em toda a escola, apenas duas pessoas me salvam. Apenas duas pessoas me fazem sorrir de verdade. Sinceramente, não saberia o que fazer sem elas. Quero dizer, não saberia como sobreviver ao meio de tantas pessoas iguais. Não é preciso perguntar nada a respeito delas para elas. Você já sabe o que irão te responder.
Depois de um dia longo, chegando em casa, escuto minhas músicas favoritas para despoluir meus ouvidos das músicas que sou obrigada a escutar no transporte escolar. Felizmente, tenho a sorte de encontrar pessoas maravilhosas ao menos virtualmente. O que compensa meu dia. De vez em quando, me deparo com caixas de cookies, ou um pedaço de bolo de cenoura com cobertura de chocolate em cima da mesa, esperando para serem devorados. Abro minha mochila, e dia sim, dia não, encontro uma carta ,escrita por uma das pessoas mais admiráveis desse mundo.
E então, no fim do dia, me perco nas páginas de algum livro para perder a noção do tempo. Quando termino minha leitura, vou direto me perder nos meus sonhos.
Admito que chega a ter momentos, que fico entediada com tudo isso. Sempre as mesmas coisas, mesmas pessoas. E,são nesses momentos que fico pensando: Deve ser tedioso viver feliz para toda a eternidade. Como não vou viver para toda a eternidade, e também sei que tudo não fica tão bem como está por muito tempo, fico tranquila.
Ao meio de tudo isso, as coisas acontecendo assustadoramente bem, eu senti falta de sofrer. Eu acho que todo ser deve precisar sofrer de vez em quando. Eu achei interessante, a minha reação. Pelos menores motivos, eu já ficava magoada. Ou então, eu simplesmente procurava motivos para ficar magoada. Eu me colocava propositalmente em situações difíceis. Depois de muitas dessas situações difíceis, a saudadade do sofrimento acabou.
E é assim,ao meio de cookies, bolos, cartas, músicas, e pessoas especiais, eu vou aproveitando ao máximo minha felicidada que eu sei, é passageira.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

"But i know I had the best day with you, today"

O último dia das mães que passou, deve ter sido um dos melhores dias do ano. Quero dizer, aquele domingo, foi como os outros. Ou pelo menos, eu esperava que iria ser. Como de costume, fui visitar a minha avó. Mas, tive uma surpresa maravilhosa quando entrei pela porta e vi que não era apenas minha avó que estava me esperando. Mais três parentes queridos estavam sorrindo para mim quando entrei na sala. E esses parentes não são aqueles que quando você os vê, parece que toda sua felicidade se evapora. Muito pelo contrário. Quando os vi, um felicidade do tamanho do mundo tomou conta de cada parte de mim. A cada oportunidade que apareceu, eu os abracei com a maior vontade. Provavelmente, essa foi a primeira vez que os vi em 1 ano e meio.
Durante cada segundo do almoço em família, um sorriso iluminava meu rosto. E reparei que todos em volta da mesa faziam a mesma coisa. Durante as conversas, não falei nada. Estava feliz demais para isso. As vozes que eu não ouvia há muito tempo, eu estava ouvindo outra vez. Foi como escutar minhas músicas favoritas repetidas vezes. Talvez, uma mistura perfeita de todas elas. Enquanto eu estava rodeada por esses familiares, esqueci que uma tonelada de deveres me esperava ao chegar em casa. Eu esqueci de tudo. Queria aproveitar o máximo possível desse momento maravilhoso. Nesse dia, eu ri bastante, sorri bastante e me senti bem.
Nunca me esquecerei desse dia. Sempre me lembrarei dele com carinho, e com um sorriso no rosto.

sábado, 8 de maio de 2010

Just for you


Na maioria dos dias, sonho em sair voando para Londres. Mas hoje, meus desejos apontam para um lugar diferente. Para... Paris! Bom, esse desejo de voar para Paris, veio quando me lembrei que hoje é o aniversário de uma pessoa que para viver só precisa de de café e música. Isso mesmo. E ela mora lá em Paris. :) Fiquei pensando, mesmo não podendo entregar, em que presente eu poderia lhe dar. Então, me lembrei da conversa que tivemos esses dias... Ela me disse que o melhor presente que poderia lhe dar, seria continuar escrevendo. Claro que fiquei feliz com isso. Bem, resolvi escrever um 'conto' baseado nela. Espero que vocês gostem, e principalmente, que a aniversariante goste:



Já estou cansada de tudo isso... Principalmente das pessoas ao meu redor. É como se aqui não fosse meu lugar. Perfeito. Isso mesmo, perfeito. Pelo menos assim, será muito mais fácil deixar tudo para trás. Não completamente, voltarei quando puder. Mesmo assim, a parte mais difícil de encarar, será deixar Amanda. A minha vontade mesmo, é de gastar todo o dinheiro que economizei para comprar uma passagem para ela também. Mas diferente de mim, ela não aguentaria a saudade. Já está sendo horrível para ela ter que me deixar partir. Imagine só deixar todos. Mas por outro lado, eu adoraria tê-la por perto, por onde eu for. Os dias passariam mais rápidos com ela junto. O que me resta a ir visitá-la em qualquer folga que aparecer.

-Filha, tem certeza que é isso mesmo que você vai querer? - minha mãe sempre foi muito preocupada - Quer mesmo ir tão longe só para fazer faculdade?
- Sim, mãe. Absoluta certeza. Você sabe que vou sentir saudades. Não é? - não queria deixar transparecer a minha pressa de partir logo.
-Mas... Paris é tão longe! E você sabe que, com meu trabalho, eu não vou poder ir te socorrer...
-MÃE! - eu gritei - Já sei me cuidar, obrigada. Qualquer coisa eu... Ah, eu arrumo alguém para me ajudar. Mas eu não vou precisar. Eu sei disso.
-Tem razão. Você sabe se cuidar. - tenho certeza que ela fizera de propósito, ela não tentou disfarçar que estava mentindo.
-Ótimo. - disse eu fingindo que acreditara - Agora, vou ligar para Amanda. Quero me despedir. Será bem menos doloroso por telefone.

E assim, subi as escadas, e corri para o meu quarto. Peguei o telefone e disquei o número que eu discara um milhão de vezes ou mais, desde que eu conhecera Amanda.
-Amanda falando.
-Oi! - foi só o que consegui dizer. Mas do jeito que Amanda ama falar, acharia algum assunto.
-Allison! Você já deve estar de saída! Sabia que você iria ligar. - disse Amanda, comprovando a minha teoria.
-Sim, estou de saída. Eu sei que agente tinha combinado de não se despedir mas eu não aguentei. Desculpa. - disse eu com um tom de nervosismo.
-Que isso, tudo bem. Eu gosto de ouvir sua voz, me faz um bem tão grande! - consegui sentir seu sorriso enquanto disse essas palavras.
-Ah, e eu adoro sua risada. Me faz rir também.
-Alison, bem que você podia ter ganho duas bolsas de estudo. Hum... Agora vou ter de aguentar a saudade por... Um longo tempo. - agora, só consegui ouvir tristeza em sua voz.
-Já tive uma sorte imensa ao ganhar uma. Seria pedir demais ganhar duas.
-É, você tem razão.
-Amanda, preciso ir agora. Um beijo no seu coração. Eu te amo.
-Outro. Eu te amo mais.
Com lágrimas no rosto, desliguei o telefone.

Muito bem. Aqui lá estava eu, parada no meio do aeroporto de Paris, depois do vôo mais cansativo da minha vida. Meu rosto estava mergulhado em um mapa que minha mãe comprara para mim. Ela tinha garantido que com ela, não me perderia. Ela estava enganada. Sou horrível com leitura de mapas. Então, levantei meu rosto. Foi quando avistei minha salvação. Também bolada pela minha mãe, acredito. Um homem de uniforme segurava uma placa com meu nome escrito em preto. Caminhei até o homem de uniforme. Analisando bem, este homem já havia uma certa idade. Tirei essa conclusão quando vi seu cabelo grisalho.
-Bonjour! - tentei disfarçar meu cansaço.
-Bonjour! Vous désirer parler en français ou en portuguais? - me perguntou o homem de uniforme.
-Ah, je désire parlez le portugais. Le portuguais brésilien. - eu respondi, com um sorriso no rosto. Ah, eu prefiro falar o idioma que estou acostumada.
-Prazer, eu me chamo Paul. - disse o homem de... Quero dizer, Paul.
-Eu me chamo Alison. É, você pode me levar até...
-Sua mãe já me passou todas as informações, não se preocupe.
Segui Paul até um carro preto. Ele me levou até um prédio de cor branca.
Quando cheguei no apartamento, levei um susto. Aquilo devia ser dez vezes o meu quarto! Tudo bem, não era grande coisa mas, mesmo assim, tudo era meu. Quer saber, posso me acostumar com isso. Posso me acostumar com Paul, e claro, com o apartamento. Me dirigi até uma janela grande, que se situava na sala principal, e levei um outro susto. Da minha sala, eu podia ver a "Tour Eiffel". Sim, eu posso me acostumar com isso.


Nota: Alguns fatos são veridicos. Outros são somente frutos da minha imaginação.
Bê, feliz aniversário.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Sweet Dreams


Essas noites, eu sonhei algo realmente bom. Eu me encontrava na escola, quando do nada, alguém que eu gostaria de conhecer, apareceu e correu em minha direção. Isso me fez relembrar o quanto eu gosto de sonhar. Nos sonhos, literalmente tudo pode acontecer. As coisas que você nunca imaginava que poderiam acontecer, de algum modo acontecem. Um momento você está em um lugar, e do nada, você já está em outro. Tenho que admitir que se pudesse, talvez viveria nos meus sonhos. Por isso, quando não estou dormindo, arrumo tempo para sonhar acordada. Algumas vezes me distraio e quando vejo estou sonhando acordada. Na maioria das vezes, isso acontece em aulas. Por isso tento me controlar. Mas eu acho tão bom me levar pelos pensamentos que é quase incontrolável. Seu corpo fica, mas a mente voa longe. E de certa forma, eu acho importante sonhar, tanto dormindo como acordada. Escapar um pouco da vida real, viajar para o seu própio mundo, onde tudo o que você mais deseja pode acontecer. Eu nunca deixo de sonhar.

sábado, 17 de abril de 2010

When I See You


Meus passos são silenciosos porém são tão pesados que quase sinto uma pequena depressão se abrindo cada vez que se chocam com o chão. Sinto uma imensa vontade de correr. Meus passos agora não mais silenciosos vão pouco a pouco se acelerando. O vento acaricia meu rosto frio, meus chachos avermenlhados voam de uma forma harmoniosa. Estou a tamanha velocidade que se eu der um salto, voarei. Para onde? Qualquer lugar. Para seu lado, talvez. Não essa noite sera só minha. Meus pés finalmente não tocam mais em nada. A sensação de voar é ótima, uma sensação de poder. Finalmente reencontro o chão. Toda essa louca ilusão de poder se vai. Alguma coisa se aproxima. Um animal, talvez. A medida que esse animal se aproxima, vejo a forma correta. Como pude te confundir com um animal? Provavelmente toda aquela magia me deixara tonta. Você sorri para mim enquanto anda em minha direção. Seu andar está tão lento, cada passo seu parece durar dias. Mais uma vez, o vento acaricia meu rosto que agora demonstra uma certa felicidade. Meus cachos dançam com o vento. Meus pés descalços mais uma vez descolam do chão, mas retornam rapidamente. Meus braços envolvem seu pescoço, meus labios se encaixam aos seus e minhas mãos brincam com seus cachos morenos. Talvez essa noite não será minha, será nossa.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Just live


De algum tempo para cá, vim percebendo que não é preciso estar apaixonada por alguém que retribua, nem simplesmente apaixonada para encontrar a felicidade,só deve ser mais fácil.Eu mesma estou completamente feliz sem esse tipo de amor. Para encontrar a minha felicidade preciso de muito pouco mesmo. Quase todos os meus dias se resumem á café, livros, música, escrever, muito chocolate, alguns amigos, trânsito, longos deveres escolares, pessoas desagradáveis e pessoas agradáveis. E disso tudo, só necessito de café, ler um bom livro, músicas, escrever,uma grande quantidade de chocolate e poucos amigos. Procuro não me importar muito com todo o resto.

Mas apesar de tudo continuo tendo momentos de depressão. Quando acontece, recorro á livros, café, chocolate e muita música. É como se isso fosse uma cura para mim. Para completar encaro os problemas como eles são. Não procuro o lado positivo, e sim a solução.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

The Start Of Something Really New


A idéia de criar esse blog não veio de repente, como algumas ondas de inspiração que costumam me inundar do nada. Já faz algum tempo, eu havia pensado em fazer algo desse gênero. Mas eu só tomei a decisão quando alguém que eu admiro me fez essa sugestão. Portanto, aqui estou. Aqui, o local que chamarei de 'meu mundo', será o lugar dos meus pensamentos, dos meus sentimentos, e raramente, alguns contos virão visita-lo também. Muitas vezes, passo horas escrevendo e raramente passo noites, e essas noites parecem durar apenas algumas horas.
A maior parte do tempo, escrevo aquilo que sinto naquele exato momento. Eu costumo escrever quando estou chateada, magoada,feliz e entediada. Nesse último caso, escrevo contos.
Não há um real motivo para eu escrever tanto assim. Eu só acho que quando escrevo, um peso enorme saí das minhas costas. É como se algo estivesse preso á minha garganta, pronto para sair a qualquer momento. Quando escrevo, esqueço de tudo á minha volta. Me sinto tão bem quando escrevo que é quase impossível de parar até eu terminar o que estou escrevendo.
Espero que gostem de tudo que virá logo mais. Se vocês houverem alguma crítica, alguma sugestão, ou se quiserem apenas comentar sobre o que leram, não sejam tímidos.